Resumo
Dos mais de 20 mil sítios arqueológicos existentes no Brasil, apenas uma mínima parcela encontra-se em áreas de Unidades de Conservação (UC) brasileiras. Em Niterói, pelo menos 13 sítios foram identificados e registrados desde o final dos anos 1960, com destaque para os sítios Sambaqui Camboinhas e Duna Grande de Itaipu, sítios que atingem idades de 7 a 2 mil anos antes do presente e que se inserem dentro do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Unidade de Conservação de Proteção Integral, criado em 1991. Grande parte deste patrimônio já foi perdido devido a empreendimentos imobiliários, que até hoje ameaçam e colocam em risco este rico testemunho da história pré-colonial. Como um fator extra de risco, destaca-se a sua inserção em área de veraneio, potencializando invasões e ocupações irregulares. Sabe-se que o conhecimento da arqueologia de uma região é capaz de contribuir para a mudança da visão ecológica e sociocultural da população, modificando, em vários aspectos, os valores pré-estabelecidos que o homem possui em relação à natureza e ao patrimônio cultural. A preservação e divulgação do período histórico e pré-colonial do local é, portanto, essencial para demonstrar sua singularidade e, especialmente na região oceânica da cidade de Niterói, cujo passado tão longínquo ainda é pouco conhecido pela própria comunidade e população e mesmo cientificamente. Foram diversos ciclos de transformação e evolução da paisagem no local, tanto antrópicas, quanto naturais, que trouxeram não apenas mudanças na configuração das dunas que sustentam os sítios arqueológicos, mas que ainda afetam o ecossistema lagunar do entorno. Neste trabalho, compartilhamos os desafios da preservação dos sítios arqueológicos supracitados, por estarem no contexto de região de veraneio contínuo e pressão pelo mercado imobiliário, mas em área de unidade de conservação, que impõe regras perante seu acesso à comunidade e população em geral.