Resumo
A cultura digital, seja como área organizacional ou como conceito, tem prestado serviço relevante, sobretudo na última década no Brasil. Como reflexão coletiva em rede, a abordagem cumpriu papel na articulação de uma multiplicidade de novas atividades e movimentos, servindo como ponto de apoio na produção de um comum para falar sobre a construção de políticas públicas, projetos experimentais, ativismos, pesquisa acadêmica, laboratórios hackers, inovação social, movimentos de democratização da comunicação, participação cidadã, acervos digitais, modelos de gestão, entre tantas outras coisas que poderiam ser aqui enumeradas. Dentre os muitos campos impactados pelas práticas do universo da cultura digital, talvez nenhum outro tenha sido ressignificado de maneira tão abrangente como o campo da memória – pública e privada. Interessa aqui refletir como essas práticas impulsionam os fluxos dinâmicos e imprevisíveis que, nos últimos anos, têm constantemente redefinido e ampliado o conceito de memória cultural. O formato de memória com o qual a sociedade se acostumou no último século, baseado na lógica dos arquivos impressos, é profundamente alterado pela ascendência da mídia digital. Cabe, portanto, perguntar: que novas práticas e atores disputam a hegemonia do Estado em sistematizar a produção de informação? Qual o papel das instituições mantenedoras do patrimônio cultural na preservação da memória na era da cultura digital?