Quando problematizamos os processos de pesquisa que não levam em consideraçãoa participação dos atores locais naquilo que se apresenta como as suasreferências culturais, nos defrontamos com cenários nos quais a cultura do silêncioé imposta. Contrária a essa perspectiva, a ação de educação patrimonial“Do buraco ao mundo” consistiu na condução de processos participativos coma comunidade Tiririca dos Crioulos na busca de suas referências culturais.Localizada no estado de Pernambuco (região Nordeste do Brasil), a Tiriricase autodenomina um quilombo-indígena, fundamentando essa identidade apartir de suas narrativas e relações de parentesco. A ação atuou na produçãode materiais didáticos compostos por um “documento sonoro” (CD duplo),vídeos e um livro que são disponibilizados em um blog. As relações foramhorizontalizadas na promoção do conhecimento intercultural, reconhecendoque o curso da pesquisa é uma negociação em andamento. Com isso, foramlegitimadas outras formas de conhecimento (parteiras, rezadores, artesãse outras pessoas reconhecidas na comunidade por seus saberes) que nãoos necessariamente gerados em instituições de ensino e pesquisa formais.As relações de pesquisa assim conduzidas viabilizaram outros espaços detransmissão e produção de conhecimentos, na mediação de experiênciaseducativas que perpassam diferentes gerações nos processos de interaçãocom o (e no) território como fonte de pesquisa. Se do território emergem asexperiências, consequentemente os processos de pesquisa se transformaramem uma “pesquisa de si”, com a (re)valorização de importantes personagenslocais. Este trabalho apresenta as atividades conduzidas ao longo do primeiroano da ação “Do buraco ao mundo”.
Título
Do Buraco ao Mundo: Segredos, Rituais e Patrimônio de um Quilombo-indígena