Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar o desenvolvimento da sistematização da informação de coleções artísticas e de práticas documentárias profissionais nas instituições museológicas, parte da pesquisa de doutorado da autora, em andamento. Para isso, faz-se necessário um resgate histórico das primeiras associações de profissionais de museus, entre elas: a Museums Association criada em 1889 na Inglaterra; a American Association of Museums fundada em 1906 nos Estados Unidos, que em 2012 teve seu nome alterado para American Alliance of Museums e hoje conta com mais de 10 mil membros; o Conselho Internacional de Museus (ICOM) estabelecido em 1946, vinculado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e formado por aproximadamente 45.000 membros de 138 países; e a Museum Documentation Association criada em 1977 e localizada também na Inglaterra, associação que se transformou na Collections Trust em 2008. O gerenciamento de coleções de museus é formado por políticas de aquisição, de acesso, de conservação e de documentação. A sistematização da informação de objetos está relacionada diretamente à documentação. A partir de procedimentos de documentação padronizados, fundamentados em recomendações consolidadas e elaboradas por instituições internacionais, as informações sobre as coleções de museus podem ser adequadamente preservadas, recuperáveis e acessíveis. Beneficia-se desta padronização a instituição, ao manter maior controle das coleções sob sua responsabilidade, e os usuários, que poderão acessar as informações desejadas em registros baseados em modelos de estruturas de metadados. Nos anos 2000, nota-se uma expansão das associações de registrars (documentalistas) e collection managers (gestores de coleções) em diversos países tais como Holanda, Alemanha, Suíça e Áustria, postos cujas atribuições envolvem, entre outras, a catalogação de acervos. Essa expansão evidencia a importância do debate sobre documentação em museus em um nível global. Além disso, o Comitê Internacional para Documentação do ICOM deu início em 2019 a uma vertente do comitê voltada aos profissionais de países ibero-americanos a fim de estreitar colaborações entre profissionais falantes de espanhol e português. Com este trabalho, busca-se, portanto, depreender experiências e ferramentas que possam auxiliar os museus de arte brasileiros em suas funções de salvaguarda e extroversão. Os resultados apontam para a importância em criar e atualizar políticas de gestão de coleções de museus brasileiros, em nível institucional, e para a necessidade de adaptar recomendações de documentação internacionais para os contextos locais. Ressalta-se ainda potencial fortalecimento de parcerias com a comunidade internacional.